Por William Magalhães 20/5/2009 - 13:47
Fonte: A Capa
A tarde da última segunda-feira (18/05) foi marcada por momentos emocionantes para o movimento LGBT do Rio de Janeiro. Na ocasião, foi lançado e empossado, no Palácio Guanabara, com a presença do governador Sergio Cabral, o Conselho Estadual dos Direitos da População LGBT.
A cerimônia foi aberta com a trans Jane di Castro cantando o Hino Nacional. A militante foi elogiada por Sergio Cabral, Claudio Nascimento e Letícia Spiller. A atriz global, convidada para ler um texto sobre a criação do Conselho, disse em seu discurso que o Hino Nacional nunca fez tanto sentido como na voz de Jane.
Claudio Nascimento, o primeiro a discursar, elogiou a postura "militante" de Sergio Cabral e declarou ser significativo o fato de Jane ter cantado durante o evento. "Até pouco tempo atrás este lugar não respeitava os direitos individuais e coletivos", declarou, referindo-se ao Palácio Guanabara.
Claudio agradeceu também o apoio do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, "o mais gay dos heterossexuais". O ativista e superintendente de direitos individuais, coletivos e difusos anunciou ainda a criação do Disque Denúncia Homossexual e a instalação de 8 Centros de Referências no Estado (4 serão implantados ainda no primeiro semestre e 4 no segundo). Ele lembrou ainda a tipificação de crimes de homofobia e a capacitação de policiais. Ao término do discurso citou o ativista Harvey Milk e foi aplaudido de pé.
Benedita da Silva, Secretária de Assistência Social e Direitos Humanos, foi a segunda a discursar. Em sua fala declarou que levar Claudio Nascimento à secretaria foi a coisa "mais acertada" da gestão de Cabral. "Se hoje estamos comemorando a criação do Conselho é porque o Rio tem lideranças competentes", disse. "Às vezes o Claudio me deixa à beira de um ataque de nervos, mas o cara é bom", acrescentou.
Carlos Minc começou sua fala, dizendo que Sergio Cabral é seu "parceiro civil" na construção da cidadania LGBT, citou as leis criadas quando era deputado, a de direitos previdenciários e a que pune atos discriminatórios. "Essa lei mudou a forma de encarar a questão. Quando uma travesti ia fazer uma denúncia o que ela ouvia era 'também, vestida desse jeito, o que você quer?'. Ou seja, transformavam a vítima em ré, o que é uma coisa perversa, de uma sociedade perversa."
Minc afirmou que muitas vezes o questionam porque enquanto ministro do Meio Ambiente ele defende a questão da diversidade. "Primeiro porque sou cidadão e espero nunca perder minhas convicções. Defender a biodiversidade sexual, que é base do amor, carinho e tesão é tão importante quanto defender a preservação das florestas. Criminalizar a homofobia é também quebrar a impunidade em relações a comportamentos feudais, como o desmatamento e a discriminação."
O ministro fez também um ataque ácido à igreja. "Como uma instituição pode dizer que é fraterna e solidária quando pressiona parlamentares a não aprovarem a lei que criminaliza a homofobia? Quem obstaculariza a aprovação de uma lei como essas se torna co-responsável pela multiplicação desses crimes que nada têm de fraternos e solidários."
Cabral fez o último discurso da solenidade respondendo ao comentário de que era "parceiro civil" de Minc. "Nós sempre dissemos isso. Porque não teríamos problemas em assumir se fôssemos gays. A realidade não é essa, mas se fosse não haveria nada demais."
O governador citou a parada gay em Nova York e o fato de lá haver grupos de policiais homossexuais que desfilam na marcha. "Conclamamos que os membros do governo se identifiquem também. Assumir a liberdade é uma conquista extraordinária".
O peemedebista afirmou ainda que essas medidas ajudam a trazer o Brasil e o Rio de Janeiro para o século XXI. "A criação deste Conselho não é um ato heterossexual ou homossexual, e sim de cidadania", finalizou.
Após o encerramento dos discursos, Leila Maria cantou a música "Beijar é bom" e um coquetel foi servido aos presentes. Depois do coquetel a programação incluía um seminário de Políticas Públicas e Legislação
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