Por Marcelo Hailer 14/7/2009 - 19:02
Rosana Star é uma carioca de 29 anos que há 16 organiza o Miss World Transex, concurso nacional que garante uma vaga na disputa mundial, realizada na Tailândia. Como toda disputa envolve adversidades, com o evento não foi diferente: acusações pesadas vieram da Miss Transex 2008 e de ex-parceiros de Star.
Em outubro do ano passado a reportagem do site A Capa entrou em contato com Fernanda Lima, a Miss World Transex 2008, para saber de seus preparativos para a competição mundial na Tailândia. Na ocasião, descobrimos que Fernanda não iria participar do evento, porque Rosana Star teria sumido com o dinheiro da viagem, cerca de R$ 33 mil.
Para explicar o que de fato ocorreu, a reportagem obteve com exclusividade uma entrevista com a organizadora. Em conversa com o site, Rosana Star negou ter sumido com o dinheiro e afirmou que a quantia nem sequer existiu. Sobre as outras acusações, a travesti disse "lamentar" muito e ainda pediu provas.
Como você tem lidado com as acusações que tem sofrido?
Eles disseram [as pessoas que acusaram Rosana] que não falaram nada para você. Vieram atrás e disseram que vocês [o site A Capa] inventaram... Mas esse ano eu mudei toda a minha equipe, pois isso foi uma decepção. As pessoas que mais trabalharam comigo nesses últimos anos não poderiam nunca ter falado da minha idoneidade. Todos que trabalharam comigo ganharam o seu dinheiro. Eles até me convidaram para fazer um livro, mas eu não quero mais nada com esse povo.
E as acusações?
Eu fui vítima. Sempre fui perseguida pelo seguinte: fui a primeira travesti que brigou por São Paulo. Essas casas que existem ao redor de São Paulo, quando traziam celebridades como Adriane Galisteu, Luciana Gimenez e Alexandre Frota, foi dona Rosana quem trouxe, que ganhou créditos com Amaury Jr. É por isso que eu sou perseguida, pois eu tenho o pé no chão e faço as coisas acontecerem. Até porque, chegar até o Anhembi não é pra qualquer um, e essas pessoas que me acusam fazem vários eventinhos por aí, mas ainda não chegaram ao patamar de um Anhembi. Enfim, todos esses anos da minha vida eu lutei por isso: reconhecimento e respeito. As pessoas precisam aprender que as transex podem ocupar qualquer tipo de trabalho.
As travestis e transexuais são completamente excluídas do processo social...
Quando eu comecei o evento ninguém dava crédito. Ninguém quer fazer nada pelas travestis. Todo mundo acha que as coisas caem na minha mão, mas ninguém quer pegar a pastinha e correr atrás de patrocínio. Todos os patrocínios de viagens, vestidos e plásticas eu consegui com o meu mérito. Nunca desviei ou roubei dinheiro de alguém.
As pessoas que trabalharam com você disseram à epoca que a "Rosana Star fugiu para o Rio de Janeiro".
Eu não fugi, até porque eu sou carioca e tenho residência lá e aqui em São Paulo. Eu não sou obrigada a ficar 24h a disposição das pessoas. Eu sou uma artista do Brasil. Eu estive em Salvador apresentando o Miss Universo e fui muito bem recebida. Eu sou uma artista do mundo.
E sobre o caso da Fernanda Lima?
Eu fiquei muito triste com essa pessoa, que, aliás, eu descobri que está se prostituindo em um site - nada contra a prostituição - usando a minha faixa e a minha coroa para se promover. Independente dela ter ido ou não para a Tailândia eu vou tirar a faixa e a coroa dela. Pois o meu trabalho também é de conscientização, eu quero mostrar que as travestis não ficam apenas nas esquinas.
Quando entrevistamos a Fernanda Lima, no ano passado, ela afirmou que você organizou uma festa para angariar fundos para que ela fosse à Tailândia. Disse também que foi levantada a quantia de R$ 33 mil e que você sumiu com o dinheiro. O que você tem a dizer?
Ela vai ter que provar. Na verdade é o seguinte: ela disse para mim que tinha uns amigos, que eram uns vereadores e que iriam ajudá-la a arrecadar esse dinheiro. E é o seguinte, mesmo que essa festa tivesse sido feita, jamais seria levantada essa quantia de R$ 33 mil... Eu fiz essa festa lá na Danger e nesse dia não foi ninguém. A irmã dela ficou na bilheteria, eu não me envolvi com a venda de entrada... Nesse dia foram arrecadados apenas R$ 600 e essa quantia foi usada para pagar o cachê dos artistas. Eu gastei do meu dinheiro para locar as mesas do evento, eu montei figurino e eu tenho provas.
Então o que ela diz é mentira?
Ela é mau caráter e está de má fé. Eu já acionei a minha advogada e ela vai ter que dizer da onde saiu esse valor. Inclusive no dia da festa a entrada foi meio a meio e o gerente da Danger só conseguiu pagar os funcionários, foi um fracasso. Como Miss Brasil ninguém gostou da vitória dela e isso é para ficar claro que eu não me meto no júri. Este julgou, ela ganhou, pronto e acabou. Ela não era a minha candidata, mas eu respeitei a opinião dos jurados.
Você pretendia levá-la à Tailândia?
Eu gostaria muito e eu faria isso por qualquer uma. A Alenka Barros (Miss World Transex 2007), que está na Espanha, foi a única Miss Brasil que foi à Tailândia porque ela bancou a viagem que custou R$ 60 mil. O meu evento não dá essa verba, não há condições de mandar uma menina para lá.
Roberto Mafra disse à nossa reportagem que apenas fez cenografia do evento e que não tem vínculos com você.
A história da carreira dele está vinculada a Rosana Star. Ele veio na minha calda e usou da minha mídia, do meu conhecimento e do meu nome. Mas, felizmente, esse ano eu não estou com o Roberto Mafra e nem com o Gabriel Cavalcante. Não desejo mal nenhum a eles. Eu sou uma pessoa do bem, faço um trabalho bonito e tenho força.
O Gabriel Cavalcante disse que esse tipo de atitude - fazer o evento, levantar verba e sumir - faz parte do seu currículo.
Ele disse a mim que não disse nada e que vocês inventaram essas coisas. Olha, isso vai virar uma guerra e eu não quero isso. Ele está escrevendo um livro e me convidou para escrever uma parte, mas eu não quero fazer parte disso, até porque eu não quero mais me vincular. Gabriel chegou agora, Roberto Mafra não era ninguém na noite. A primeira artista que o Mafra levou para a Banda do Fuxico (bloco de carnaval realizado no Largo do Arouche em São Paulo) fui eu. Foi Rosana Star que levou Viviane Araújo para o Fuxico, Sabrina Sato, enfim, todos os artistas. Infelizmente, para algumas pessoas, a ficha ainda não caiu.
E daqui para frente?
Estou com uma equipe maravilhosa de assessores. O assessor da Parada (Leandro Rodrigues) está cuidando do meu evento, estou com a minha advogada, que é a Cleo Dumas. Então, independente de qualquer coisa, eu farei um evento maravilhoso e a Fernanda terá que se retratar, pois ela fez acusações muito sérias contra a minha pessoa.
Como vai ser o Miss World Transex desse ano?
Eu ainda estou definindo a data, mas acredito que será no final de outubro. Esse ano o tema do meu evento são as Tops Trans, serão apresentadas todas as meninas que passaram pelo evento durante esses 15 anos. A Patrícia Araújo, que já foi miss e arrasou na Fashion Week Rio, vai estar presente. Todas essas meninas que foram miss têm grande orgulho disso, pois eu alavanquei essas meninas. A própria Fernanda, quando ganhou, apareceu em várias revistas por causa do prêmio, até na IstoÉ ela foi matéria. Mas, de repente, ela se voltou contra mim. Mas para esse ano o evento vem aí com duas rainhas maravilhosas: estamos fechando entre Ana Hickman e Adriane Galisteu. E esse ano eu mudei algumas regras sobre o direito de imagem, o que irão falar, pois quem perde nunca está satisfeito e sempre fala mal da organizadora. Então, estou me precavendo para não passar por isso de novo.
As acusações que você sofreu podem atrapalhar o seu evento?
Não. As próprias candidatas do ano passado já estão se inscrevendo comigo. Ficou mal para ela (Fernanda Lima). No meu concurso as meninas entram para ser a Miss Brasil, a Fernanda entrou para atrapalhar. Ela quis se promover em cima da sujeira.
Quem irá passar a faixa e a coroa este ano?
A Renée, que ficou em segundo lugar.
Fonte: A Capa
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