quinta-feira, 4 de junho de 2009

"A sociedade quer apenas o dinheiro da comunidade gay", diz presidente da Parada de SP

"A sociedade quer apenas o dinheiro da comunidade gay", diz presidente da Parada de SP

Por Marcelo Hailer 2/6/2009 - 21:25


Aconteceu na tarde desta terça-feira no Hotel Mercury Nortel, zona norte de São Paulo, a coletiva de abertura das atividades do Mês do Orgulho LGBT. Marcado para começar às 14h, a sessão teve início com meia hora de atraso, por conta das credenciais de imprensa terem chegado fora do horário combinado.

Da coletiva que durou cerca de duas horas e meia, podemos destacar: o orçamento da Parada deste ano é de R$ 760 mil (em 2008 foi de R$ 920 mil); espera-se 3 milhões de pessoas no evento, que acontece no próximo dia 14; sobre o trecho da rua da Consolação que está interditado por conta das obras do Metrô, a Associação da Parada informou que o trajeto será feito na pista da esquerda da avenida Paulista (sentido Paraíso-Consolação); a concentração continua em frente ao Masp; a Polícia Militar irá disponibilizar 1.200 homens para fazer a segurança da Feira Cultural LGBT, no Vale do Anhangabaú, e da Parada.

A entrega do Prêmio Cidadania não será mais realizado no dia da Feira Cultural e sim nessa quinta-feira (04/05), a partir das 20h30, no Sesc Pompeia, com a presença da drag espanhola e ícone da EuroPride (Parada Gay europeia) La Prohibida, que fará show exclusivo. Este ano a Feira Cultural, que rola no dia 11, terá dois palcos. Em um deles será realizada a primeira edição do Flash - Festival Diversidade na Música, que contará com 8 apresentações de artistas. Destaque para Madame Mim e Tetine. As ONGs não poderão comercializar objetos na Feira, segundo determinação da Prefeitura, fato que ninguém da organização quis comentar.

O número de trios que participarão da Parada não está definido, mas estima-se a presença de 20 carros, nenhum deles pertencentes a casas noturnas. Também foi anunciada uma parceria com a Parada do Rio e, tanto na Feira Cultural quanto na Parada, haverá computadores para as pessoas assinarem o abaixo-assinado virtual Não Homofobia a favor do PLC 122/06. Estuda-se a ideia de ter um trio só para colher assinaturas no dia da manifestação.

Novidades

Compuseram a mesa Xande Santos, presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT (APOGLBT), Tomazzo, responsável pelo ciclo de debates da Parada, Franco Reinaudo, coordenador municipal da Cads (Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual), Dimitri Sales, da Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual, tenente Taveiros, responsável pelo efetivo militar da Parada Gay de São Paulo, Vânia Santana da Petrobrás e Mariana Tavares da Caixa Econômica.

Quem abriu a coletiva foi Xande, que leu uma carta escrita em 2008, lembrando de uma organização religiosa que tentou proibir a Parada na avenida Paulista. "Sabíamos que se tratava de uma jogada oportunista de marketing e que não surtiu efeito", disse o presidente. Xande criticou ainda os parlamentares que "travam um falso debate sobre liberdade de expressão".

Também lamentou que "ainda somos ignorados pelo Congresso Nacional", dizendo que "voltamos às ruas para pedir atenção". Xande ironizou ao dizer: "Um estrangeiro deve ficar confuso: como pode no país com a maior Parada Gay do mundo ser o lugar onde mais homossexuais são assassinados e não existir nenhuma lei que dê respaldo?".

Com essa reflexão Xande declarou que o "nosso lugar na sociedade é de consumidores" e para ele isso "é uma ilusão", o que significa que a sociedade quer apenas o dinheiro da comunidade gay. "Os pais ainda discriminam os filhos por serem gays", destacou Xande, para quem ainda somos um dos "últimos tabus". O presidente aproveitou também para questionar o Estado laico. "A prova disso está na batalha que o PLC 122 enfrenta", lembrou.

Após a fala de Xande, Zanini, secretário de finanças da APOGLBT, apresentou algumas novidades da Parada 2009. Entre elas, destacou o crescimento das mesas do Ciclo de Debates, que este ano serão onze (contra apenas 3 do ano passado). Em seguida, explicou sobre a separação da entrega do Prêmio Cidadania da Feira Cultural, dizendo que "ambos cresceram e cada um tem a sua importância".

O secretário de finanças da APOGLBT revelou que o orçamento de 2009 para a Parada é de R$ 760 mil. "Mais o montante da Cads que ficou responsável pela infraestrutura", acrescentou. Depois disse que não há setor da sociedade "mais ou menos importante". "Queremos fazer parceria com todos, os únicos números que nos interessam diminuir é da homofobia", disse.

A Feira Cultural volta para o Vale do Anhangabaú, anunciou Laura, responsável pelos eventos de cultura da Parada. "Este ano serão dois palcos: um será voltado para a primeira edição do Flash - Festival da Diversidade na Música, com a participação de oito de bandas", contou. Entre os destaques estão DataBase, Madame Mim e Tetine. Também ocorre no palco principal o clássico festival de drags com apresentação de Silvetty Montilla. O mestre de cerimônia será Daniel Peixoto, vocalista do Montage, que se apresentou na edição passada da Feira.

Além das atrações do palco principal, haverá um segundo palco que será voltado apenas para a apresentação de drags queens. Artistas poderão se inscrever no dia do evento. No Sesc Pompeia, a APOGLBT anunciou um show exclusivo da drag espanhola La Prohibida e também projeções do grupo Studio Intro. Já o duo Tetine e Madame Mim estarão no trio elétrico da Parada.

Após a apresentação das atrações culturais, foi exibido o comercial de divulgação da Parada e o LGBTema, que este ano vem ao ritmo de electro. Franco Reinaudo, da Cads, lembrou que o evento atrai 320 mil visitantes, sendo que desses 5% são estrangeiros, o que rende para as empresas R$ 180 milhões. Um certo clima pairou no ar.

Representando a Polícia Militar, o tenente Taveiros revelou que 1.200 policiais estarão disponíveis para o dia da Feira Cultural e da Parada. Também haverá segurança aérea, com participação de homens da Força Tática. Questionado pela reportagem do site A Capa se um policial gay teria apoio da corporação, o tenente preferiu se esquivar, dizendo que não queria entrar em "polêmica". Vânia Santana, da Petrobrás, reafirmou a parceira da estatal e disse lamentar a perda de Guta (antecessora de Vânia, que faleceu recentemente e recebeu homenagem no começo da coletiva).

Dimitri Sales disse considerar a Parada a "manifestação política mais importante da história recente do Brasil", pois ela "torna visível a existência da população LGBT". Mariana Tavares, da Caixa Econômica, disse que a empresa não tem vergonha de apoiar a Parada e que, desde 2007, luta para torná-la agradável para seus funcionários homossexuais. "Para vocês terem um ideia, nós acabamos de conceder aos casais lésbicos e gays a licença maternidade adotante", destacou. Tavares contou ainda que, no feirão da Casa Própria realizado pelo banco, havia "vários casais homossexuais". Às 16h15 a coletiva foi encerrada e um coquetel foi oferecido aos presentes.


Fonte: A Capa




Fotos





Nenhum comentário:

Postar um comentário