O "T" da sigla LGBT
Paulo Mantello
Domingo - 02/11/2008 - 03h01
Paulo Mantello é jornalista, redator publicitário e psicólogo. Escreve neste espaço, aos domingos, como colaborador da Folha da Região |
Araçatuba - Costumo comparar a travesti a uma ilha, só que em vez de estar cercada de água por todos os lados, está cercada pela violência. (Janaína)
Dá pra ficar bege, passado, com a salada de rótulos que o “T” da sigla LGBT engloba. E onde há falta de informação, reina o preconceito. Oficialmente, o T representa Travestis, Transexuais e Transgêneros. O quê?! Apesar de até bastante difundidos, os termos ainda geram dúvidas, principalmente este tal de transgêneros. Tentemos explicá-los.
Transgêneros é o termo mais abrangente para representar o T. Refere-se tanto a travestis quanto a transexuais. Trata-se geralmente de um homem no sentido fisiológico, que se relaciona com o mundo como mulher. Transexuais são as pessoas que acreditam ter nascido com o sexo errado. São elas que geralmente procuram a mudança de sexo. Os travestis podem ser tanto homem quanto mulher que simplesmente vestem roupas e usam acessórios característicos do sexo oposto.
Mas a gente ouve falar outros termos também. Transformista, por exemplo, é o mesmo que travesti. Este último acaba sendo usado mais no caso em que o indivíduo se traveste para prostituição. Um transformista apenas se veste com roupas do gênero oposto para fazer shows.
E os tais crossdressers? Bom, estes são sujeitos que vestem roupas do sexo oposto porque isso lhes dá prazer. Normalmente, usam peças íntimas do outro sexo e fazem isso em ambiente reservado. São também chamados de "CDs". Então aqueles caras que aparecem aos domingos no "Programa Sílvio Santos" são transformistas. Um outro termo utilizado é drag queen (drag king na versão feminina). Pessoas que se fantasiam, muitas vezes de maneira espalhafatosa e sem esconder seu sexo biológico. Seguindo estilo cômico, você já pode ter encontrado uma animando até a festa de aniversário da sua avó.
Quero falar de mais dois termos antes de mencionar a Janaína. Também existem o intersexual e o andrógino. Espero ter abrangido todos. Intersexual é a pessoa que nasceu fisicamente entre (inter) o sexo masculino e o feminino. Tem os dois órgãos sexuais desenvolvidos ou um predominando. O termo é preferível ao estigmatizado hermafrodita. Já o andrógino é o indivíduo que tem características físicas e comportamentais de ambos os sexos.
Janaína foi homenageada no Programa de Combate à Violência e à Discriminação contra GLTB e de Promoção da Cidadania de Homossexuais “Brasil sem Homofobia” do Governo Federal. Nascida Jaime César Dutra Sampaio, um cearense que se assumiu travesti e tornou-se exemplo de luta contra a violência sofrida por estas pessoas vistas como “bagaceiras”, “perigosas”, e, segundo ela, muitas vezes expulsas das casas paternas e jogadas à prostituição ainda na adolescência.
O “Brasil sem Homofobia” pode realmente ajudar a tornar o País mais tolerante, justo e igualitário ao buscar combater a discriminação por orientação sexual. Discriminação que também não deve ocorrer por raça, etnia, idade, credo religioso ou opinião política. Me deixa!, como diria a popular drag paulistana Alma Smith.
Fonte: Folha da Região
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